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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A moda e a transformação social.

O passado, o presente e o futuro. O tempo se encarrega de tornar característicos os avanços da sociedade e da cultura. No campo da moda, esse tempo foi importante para as transformações sociais – exemplo disso foram as mudanças no significado da palavra “moda” -, interferindo e valorizando, ainda mais, as relações do homem com a sociedade, os meios de produção e de consumo e a capacidade do ser humano de expressar suas ideias, desejos e ansiedades, além de criar condições de diálogo e integração com outras formas de produções visuais.

É para descobrir mais sobre o elemento tempo no processo de criação da moda que se realizam as análises abaixo.
A obra de Giacomo Balla: “Figurino para um balé futurista – 1930” dialoga com outra área de produção, o balé, expressando a proposta moderna de integração no campo das artes, como até hoje acontece. Também, o figurino tem o propósito de envolver o espectador, estimulando-o com suas cores por meio da luz do palco e do movimento da dança, trazendo novos significados à obra. É a proposta de movimento e mudança, próprias dos tempos modernos.
A obra “Vestido Baixo-relevo - 1931”, de Madaleine Vionnet, apresenta forte tendência para a continuidade do passado, uma vez que traduz o ideal de um novo classicismo, inspirado no antigo e apresentado no início da modernidade. Isso demonstra a busca da imobilidade como ideia de organizar e harmonizar um ambiente que se encontrava confuso. A leveza como estratégia visual vem compensar o peso gerado pelo retorno desse velho estilo.
A estratégia de fragmentação proposta na obra de Alceu Penna, “As Garotas de Alceu – década de 1950”, caracteriza-se pelas duas peças que compõem o biquíni –peça criada a partir do maiô. Naquele momento, o biquíni se torna um símbolo da luta das mulheres pela liberdade feminina. Uma ousadia que ganhou espaço para as novas gerações e abriu caminho para o futuro do movimento feminista.
A profusão tem como uma de suas características o luxo. Também significa acúmulo e abundância. Essas possibilidades são trabalhadas na obra “Casaco de Organza rasgada – 1996” de Christian Lacroix. A sua contemporaneidade está expressa nas diversas possibilidades de leituras da obra: na crítica social, pela produção do casaco em retalhos, se contrapondo ao luxo dos objetos; ao uso abundante de material considerado descartável pelo processo de produção industrial – o retalho e, ainda, pela proposta de ação ecologicamente sustentável, em favor do melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, garantindo a qualidade de vida das futuras gerações. Criação surpreendente que também caracteriza a incerteza do futuro.
Enfim, esse tempo, conforme as análises realizadas, proporciona uma compreensão que antes de simples, torna-se complexa, porém alguns elementos pertinentes à essência das obras permite inferir o tempo como recurso valorativo da criação: a transcendência da obra que se realiza pelas possibilidades de significação do espectador ao longo do tempo; o caráter dos recursos e técnicas disponíveis para se construir a obra; a percepção do artista e sua forma de expressão no tempo e espaço social e a integração e o diálogo das criações visuais em todas as suas formas de produção.
O tempo e a criação são elementos inseparáveis.

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