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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A arte em desconstrução

A arte está em constante mudança, assim como ocorrem as transformações nas pessoas, na cultura e, também, na sociedade.

            Observando o século XIX em relação ao século XXI, pode-se afirmar que as mudanças estão acontecendo mais rápido. Isso significa mais conflito entre o velho e o novo.
            A desconstrução é um termo relacionado a ação que aconteceu nas artes visuais, a partir de 1960, no qual os artistas demonstraram a insatisfação com as normas vigentes de “como” fazer arte, por meio de suas obras. Época chamada pelos estudiosos de “contracultura”, sendo um período marcado, na sociedade, por manifestações, eventos e até conflitos de jovens com o poder vigente.


            O processo de desconstrução nas artes visuais aconteceu de diversas formas: novos materiais como base da obra – ferro, papel, plástico e outros -, novos processos no “fazer” artístico – colagens, misturas de materiais, instalações etc. -, além de novas ideias ou críticas aos modelos consagrados anteriormente – “ready-mades”, re-design e outras.
            Como exemplo de uma das formas de desconstrução, aponta-se a obra de Alessandro Mendini, com re-design das cadeiras de Thonet e Wallisy – 1973-79.
            Essas duas cadeiras foram criadas por Alessandro sugerindo um tom irônico e crítico, comparadas às obras a que elas se referem, por essas serem marcas consagradas do design moderno. Para contestar a cadeira de Thonet 214, de 1859, Mendini introduziu elementos metálicos, coloridos e assimétricos em contraposição aos materiais originais – cores naturais de madeira e palhinha. Já para contestar a obra de Wassily, de 1925, referência do racionalismo moderno, Alessandro Mendini deformou os desenhos da faixa de couro liso, criando manchas irregulares que parecem derreter, como nos desenhos surrealistas.
            Essa ação de Alessandro contra os modelos vigentes contribuíram para levar a percepção da arte para além dos limites da forma, além de integrá-la ao ambiente, com os aspectos culturais e sociais da época.
            Outro exemplo de desconstrução está nas obras de Gaetano Pesce, nas poltronas “UP Series”, criadas em 1969. A ação acontece na dimensão dos materiais utilizados na produção da obra, na sua forma e na experiência do espectador. As poltronas “UP” tem forma arredondadas, forro de tecido em diversas cores e foram confeccionadas com poliuretano – ao contrário da madeira -, que se expande e solidifica em contato com o ar e isso acontecia quando as poltronas eram retiradas da embalagem. Uma experiência lúdica e interessante para o espectador que, até então, somente tinha o caráter de observar a arte, sem nenhuma participação.
            Dessa forma, a obra atingiu a expectativa de contrariar o predomínio das linhas retas e sombrias do estilo moderno e ir mais além. Com suas curvas e seu movimento interno, as poltronas “UP” de Gaetano foram importantes no processo de construção da expressão contemporânea das artes visuais.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A moda e a transformação social.

O passado, o presente e o futuro. O tempo se encarrega de tornar característicos os avanços da sociedade e da cultura. No campo da moda, esse tempo foi importante para as transformações sociais – exemplo disso foram as mudanças no significado da palavra “moda” -, interferindo e valorizando, ainda mais, as relações do homem com a sociedade, os meios de produção e de consumo e a capacidade do ser humano de expressar suas ideias, desejos e ansiedades, além de criar condições de diálogo e integração com outras formas de produções visuais.

É para descobrir mais sobre o elemento tempo no processo de criação da moda que se realizam as análises abaixo.
A obra de Giacomo Balla: “Figurino para um balé futurista – 1930” dialoga com outra área de produção, o balé, expressando a proposta moderna de integração no campo das artes, como até hoje acontece. Também, o figurino tem o propósito de envolver o espectador, estimulando-o com suas cores por meio da luz do palco e do movimento da dança, trazendo novos significados à obra. É a proposta de movimento e mudança, próprias dos tempos modernos.
A obra “Vestido Baixo-relevo - 1931”, de Madaleine Vionnet, apresenta forte tendência para a continuidade do passado, uma vez que traduz o ideal de um novo classicismo, inspirado no antigo e apresentado no início da modernidade. Isso demonstra a busca da imobilidade como ideia de organizar e harmonizar um ambiente que se encontrava confuso. A leveza como estratégia visual vem compensar o peso gerado pelo retorno desse velho estilo.
A estratégia de fragmentação proposta na obra de Alceu Penna, “As Garotas de Alceu – década de 1950”, caracteriza-se pelas duas peças que compõem o biquíni –peça criada a partir do maiô. Naquele momento, o biquíni se torna um símbolo da luta das mulheres pela liberdade feminina. Uma ousadia que ganhou espaço para as novas gerações e abriu caminho para o futuro do movimento feminista.
A profusão tem como uma de suas características o luxo. Também significa acúmulo e abundância. Essas possibilidades são trabalhadas na obra “Casaco de Organza rasgada – 1996” de Christian Lacroix. A sua contemporaneidade está expressa nas diversas possibilidades de leituras da obra: na crítica social, pela produção do casaco em retalhos, se contrapondo ao luxo dos objetos; ao uso abundante de material considerado descartável pelo processo de produção industrial – o retalho e, ainda, pela proposta de ação ecologicamente sustentável, em favor do melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, garantindo a qualidade de vida das futuras gerações. Criação surpreendente que também caracteriza a incerteza do futuro.
Enfim, esse tempo, conforme as análises realizadas, proporciona uma compreensão que antes de simples, torna-se complexa, porém alguns elementos pertinentes à essência das obras permite inferir o tempo como recurso valorativo da criação: a transcendência da obra que se realiza pelas possibilidades de significação do espectador ao longo do tempo; o caráter dos recursos e técnicas disponíveis para se construir a obra; a percepção do artista e sua forma de expressão no tempo e espaço social e a integração e o diálogo das criações visuais em todas as suas formas de produção.
O tempo e a criação são elementos inseparáveis.

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