terça-feira, 28 de julho de 2015

Textos da Vida

Como os pensamentos são muitos, nada melhor que libertá-los e abrir espaço para o novo.

A cidade

Do alto se via o formato da cidade como um semicírculo. 
As ruas se cruzavam ou estavam num paralelo que parecia sem fim, mostrando não possuir nenhum tipo de planejamento. Elas tinham larguras e comprimentos diferentes dependendo de onde começavam e acabavam. 
O que poderia ser o centro do círculo, caso toda a cidade tivesse a forma de uma circunferência, estava encostado na montanha. Nesse ponto, fazendo parte da cidade, estava situado uma igreja de escadaria ampla e alta, com a entrada principal de frente para as casas.
Daquele ponto, avistava-se toda a cidade. Saiam ruas em todas as direções, com casas do lado direito e, também, do esquerdo. As casas do lado direito eram pequenas e de aparência simples, grudadas umas nas outras como irmãs de uma história contada e recontada que se podia ler nas paredes e soleiras das portas envelhecidas e marcadas pelo sol, vento e chuva. Podia se ver as janelas entreabertas e as portas fechadas como um convite para não incomodar. Nesse lado da rua, viviam as pessoas com mais idade. Como uma divisão traçada pelo simples comodismo de andar mais rápido pelas pequenas calçadas, que, naquele lado, não era possível pelos passos vacilantes, curtos e pesados que a idade apresentava. A calçada era o espaço de vida comum desses idosos. Dentro das casas eram outras regras.
Do lado esquerdo, moravam os adultos, os jovens e as crianças em moradias mais amplas, com espaço verde na frente e a construção recuada. Outras casas ficavam escondidas em meio às árvores, misturadas com o verde que pouco se via nas ruas. As calçadas eram largas e davam a impressão de como eram os que moravam nas casas. Viam-se as crianças brincando naquele espaço definido para elas, algumas entrando e saindo dos quintais. Poucos jovens e adultos caminhando. No meio da rua, onde passavam as carroças e os carros, era uma zona neutra. Não se atravessava de um lado para outro da calçada. Essa era a regra que vigorava naquele espaço da cidade e as pessoas se impediam de quebrá-la por meio do hábito, sem pensar.

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