sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A televisão e a imagem do candidato



Assistida em mais de 95% dos lares brasileiros, a televisão aberta é um meio audiovisual de grande impacto e persuasão do eleitorado, razão pela qual considero um dos mais importantes veículos de comunicação do marketing político e, ainda, pela sua possibilidade de produção e veiculação de formatos variados – comerciais, programas e debates.
Pelas suas características - um mosaico e sucessão de imagens que tudo transforma em espetáculo e emoção -, o meio televisivo é um espaço muito utilizado na construção da imagem do candidato. A produção do conteúdo audiovisual, que envolve diversos profissionais e tecnologias cada vez mais modernas, tem a possibilidade de criar um descolamento da imagem produzida em relação à pessoa do candidato e sua personalidade. Esse descolamento pode variar em grau maior ou menor, o que leva, necessariamente, a uma representação de um papel pelo candidato, previamente estabelecido pela estratégia de marketing.
Pela presença expressiva do aparelho televisor nos lares brasileiros, o candidato tem de usar o diálogo como forma de linguagem com o eleitor/telespectador e sua família. Uma conversa íntima, simples e direta. Frases curtas e memoráveis. Conforme Duda Mendonça, em seu livro Casos e Coisas (2005 p. 123), “A TV é um espaço onde se conversa, se argumenta e se convence. A relação de você e o telespectador é de intimidade. Você está dentro da casa dele, do seu quarto, a pouco mais de um metro da sua cama.” Na prática, o bom uso da televisão pelos agentes do governo e candidatos consiste em construir uma boa imagem, ser “um bom sujeito”, um “cara legal” e que esteja de acordo com as carências do eleitor.
Um dos exemplos de sucesso do uso da televisão pelo marketing político foi, na primeira eleição presidencial pós-regime militar, a campanha eleitoral de Fernando Collor de Melo. Até hoje essa campanha é citada como uma ação que utilizou recursos do marketing político moderno para chegar à vitória. Para o êxito de Collor, a televisão foi uma ferramenta publicitária muito importante, pois, especialmente, por meio dela, o candidato se tornou nacionalmente conhecido e, também, pela televisão, foi passada, persuasivamente, por ele, a imagem que a maioria dos eleitores desejava do presidente. Assim, com o apoio da televisão e de seus recursos, Collor, um candidato jovem, governador de um dos menores Estados do País, pertencente a um pequeno partido político e competindo com candidatos conhecidos, sagrou-se vitorioso nas urnas, em 1989.
Outro exemplo positivo do uso da televisão para a comunicação política, utilizando com criatividade o formato e o conteúdo, foram os trabalhos feitos pelo profissional Duda Mendonça para o Partido dos Trabalhadores – o PT –, em 2001.
Com produções surpreendentes, impulsionadas pelo alcance do meio televisivo, o partido político passou, na época, sua mensagem ideológica aos eleitores, de forma moderna e atual, questionando, também, a conduta ética e a corrupção presente no meio político. O livro “Casos & Coisas”, escrito por Duda Mendonça, explica que o sucesso daqueles filmes aconteceu pelas possibilidades que o meio televisivo proporcionou para trabalhar forma e conteúdo – vídeo e áudio -, somado à proposta criativa das peças. Ainda a televisão foi essencial para passar uma postura mais “light” e sorridente do candidato Lula, melhorando a aceitação dele junto ao eleitor e o ajudando na conquista da presidência em 2002.


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