A arte está em constante
mudança, assim
como ocorrem as transformações nas pessoas, na cultura e, também, na sociedade.
Observando
o século XIX em relação ao século XXI, pode-se afirmar que as mudanças estão
acontecendo mais rápido. Isso significa mais conflito entre o velho e o novo.
A
desconstrução é um termo relacionado a ação que
aconteceu nas artes visuais, a partir de 1960, no qual os artistas demonstraram
a insatisfação com as normas vigentes de “como” fazer arte, por meio de suas
obras. Época chamada pelos estudiosos de “contracultura”, sendo um período
marcado, na sociedade, por manifestações, eventos e até conflitos de jovens com
o poder vigente.
O
processo de desconstrução nas artes visuais aconteceu de diversas formas: novos
materiais como base da obra – ferro, papel, plástico e outros -, novos
processos no “fazer” artístico – colagens, misturas de materiais, instalações
etc. -, além de novas ideias ou críticas aos modelos consagrados anteriormente
– “ready-mades”, re-design e outras.
Como
exemplo de uma das formas de desconstrução, aponta-se a obra de Alessandro
Mendini, com re-design das cadeiras de Thonet e Wallisy – 1973-79.
Essas
duas cadeiras foram criadas por Alessandro sugerindo um tom irônico e crítico,
comparadas às obras a que elas se referem, por essas serem marcas consagradas
do design moderno. Para contestar a cadeira de Thonet 214, de 1859, Mendini
introduziu elementos metálicos, coloridos e assimétricos em contraposição aos
materiais originais – cores naturais de madeira e palhinha. Já para contestar a
obra de Wassily, de 1925, referência do racionalismo moderno, Alessandro Mendini
deformou os desenhos da faixa de couro liso, criando manchas irregulares que
parecem derreter, como nos desenhos surrealistas.
Essa
ação de Alessandro contra os modelos vigentes contribuíram para levar a percepção
da arte para além dos limites da forma, além de integrá-la ao ambiente, com os
aspectos culturais e sociais da época.
Outro
exemplo de desconstrução está nas obras de Gaetano Pesce, nas poltronas “UP
Series”, criadas em 1969. A
ação acontece na dimensão dos materiais utilizados na produção da obra, na sua
forma e na experiência do espectador. As poltronas “UP” tem forma arredondadas,
forro de tecido em diversas cores e foram confeccionadas com poliuretano – ao
contrário da madeira -, que se expande e solidifica em contato com o ar e isso
acontecia quando as poltronas eram retiradas da embalagem. Uma experiência
lúdica e interessante para o espectador que, até então, somente tinha o caráter
de observar a arte, sem nenhuma participação.
Dessa
forma, a obra atingiu a expectativa de contrariar o predomínio das linhas retas
e sombrias do estilo moderno e ir mais além. Com suas curvas e seu movimento
interno, as poltronas “UP” de Gaetano foram importantes no processo de construção
da expressão contemporânea das artes visuais.